quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O meu espaço



Não procuro fortuna…
Não procuro roupas caras, um casarão ou um carrão…
Também decerto não procuro a pobreza, apenas o essencial.
Essencial?!
Este conceito varia abruptamente conforme o tempo e espaço aos quais estamos ou queremos estar inseridos.
No fundo, acredito que a maior parte de nós não está consciente das suas verdadeiras necessidades e muitas delas são um puro esquema de “tapar o sol com a peneira”.
Porque há-de uma camisola de marca xpto fazer-nos mais felizes do que outra igualmente confortável e bonita mas de marca ynz?!
Porque terei de ter uma casa com 10 assoalhadas, um enorme jardim e quem sabe piscina, trabalho redobrado e menos tempo livre?
Não me quero auto-intitular contra o bom-gosto, o conforto ou a criação de boas condições de vida.
Apenas contra a mentira que a nossa felicidade está por detrás dos bens materiais.
Não estará a vontade de ter um casarão associada a alguma carência emocional ou fraqueza pessoal oculta?
Será só mesmo a vontade genuína de ter um grande espaço para se circular à vontade e um prazer de contemplar todos os adornos bonitos circundantes?
A verdadeira razão para tal vontade não será mais do que vaidade própria e necessidade de aceitação do grupo social que queremos atingir?
Se não houvesse ninguém a quem mostrar o nosso palacete, será que a necessidade de o ter persistia?
Mas, se é isso que nos faz feliz, força!
O lema é ser feliz.
Vamos abrir as carteiras. Vamos ao encontro do consumismo exacerbado.
Se chegarmos a um ponto que já não sabemos o que querer mais ou que meios usar para a tão desejada satisfação do prazer material e consequentemente o encontro com a suposta felicidade, aí acredito que facilmente chegaremos à conclusão que somos seres insatisfeitos por natureza e todos os luxos que conseguimos deixaram de ter valor, pois não eram a solução nem a verdadeira essência do nosso vazio.
Se eu ganhasse 5000€ por mês é que era feliz!
Se eu tivesse o carro dos meus sonhos é que era feliz!
Se eu não tivesse este problema de saúde é que era feliz!
Se, se…é que era feliz…
Acreditam mesmo nisso?!
Porque existem milionários e pessoas saudáveis deprimidos e pobres e doentes cheios de alegria de viver?
A resposta é: a nossa atitude perante a vida.
Estar atento ao espaço que nos rodeia e moldá-lo em proveito próprio, não esquecendo que muitas vezes o conforto do outro faz-nos muito mais felizes do que o nosso egoísmo individual.
A tranquilidade do nosso ser, a paz interior, o equilíbrio da beleza que nos rodeia, inspiram uma boa fortuna: felicidade autêntica.